RÁDIO WEB INESPEC 2010-2025 ANO XV 15

domingo, 5 de janeiro de 2025

Capítulo III - Livro Módulo - Texto-aula - Psicanálise e aspectos da teoria do ciúme. Psicopatologia x Psicanálise: crimes e ciúmes. Por. Professor CESAR AUGUSTO VENÂNCIO DA SILVA – Psicanalista – Escritor.

 Capítulo 3: Psicopatologia do Ciúme

O ciúme é uma emoção complexa e pode variar de uma experiência normal a uma condição patológica. O ciúme patológico, também conhecido como ciúme obsessivo, é caracterizado por pensamentos irracionais e obsessivos sobre a infidelidade ou deslealdade do parceiro, mesmo sem evidências concretas. Características do ciúme patológico incluem: Pensamentos obsessivos sobre a possibilidade de traição; Comportamento controlador, como verificar o celular ou redes sociais do parceiro; Invasão de privacidade, como seguir o parceiro ou tentar controlar seus movimentos; Agressividade verbal ou física como forma de lidar com o medo de traição e Ansiedade e depressão associadas ao medo constante de perda. O ciúme patológico pode destruir relacionamentos e prejudicar a saúde mental da pessoa envolvida. É importante que psicólogos e terapeutas reconheçam e tratem essa condição adequadamente.

 

Nota importante para referência do exercício profissional da psicanálise.

 

A Psicanálise, enquanto teoria e técnica, inaugura-se a partir do exercício clínico de Freud na escuta do padecimento histérico. Paulatinamente, a Psicanálise amplia seus saberes, sempre amparada nos impasses oriundos da clínica. Contemporaneamente, ao mesmo tempo em que se desenvolve no espaço da clínica privada, surgem novos espaços passíveis de uma inserção psicanalítica. Assim, no Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS), em contínua expansão, configura-se como uma importante possibilidade de trabalho ao psicanalista.

Psicólogos e terapeutas desempenham papéis essenciais na promoção da saúde mental e no bem-estar das pessoas. Aqui está um resumo das suas funções e especializações:

Psicólogos.

Psicólogos clínicos: Trabalham com indivíduos, casais e famílias para tratar problemas emocionais e comportamentais através de terapias baseadas em evidências, como a terapia cognitivo-comportamental (TCC).

Psicólogos educacionais: Atuam em contextos educacionais, ajudando alunos, professores e pais a lidar com questões de aprendizado e desenvolvimento.

Psicólogos organizacionais: Envolvem-se em melhorar o ambiente de trabalho, recrutamento, seleção e desenvolvimento de políticas para aumentar a produtividade e o bem-estar dos funcionários.

Terapeutas.

Psicoterapeutas: Usam várias abordagens terapêuticas para tratar uma ampla gama de problemas psicológicos, incluindo ansiedade, depressão e traumas.

Terapeutas familiares: Especializados em terapia de família e casais, ajudam a resolver conflitos e melhorar a comunicação entre membros da família.

Terapeutas ocupacionais: Ajudam indivíduos a desenvolver, recuperar ou manter habilidades necessárias para a vida diária e trabalho.

Diferenças Importantes.

·                    Formação: Psicólogos geralmente possuem um grau em psicologia, enquanto terapeutas podem vir de diversas áreas, incluindo psicologia, assistência social e aconselhamento.

·                    Abordagens Terapêuticas: Psicólogos tendem a utilizar métodos baseados em pesquisa científica, enquanto terapeutas podem adotar abordagens mais holísticas ou integrativas.

Ambos os profissionais são essenciais para o apoio à saúde mental e podem trabalhar juntos para fornecer um tratamento abrangente e holístico para seus pacientes.

Para o exercício profissional da psicanálise, é essencial observar uma série de princípios éticos e normas que orientam a prática. Aqui estão algumas notas importantes:

1.                 Ética e Confidencialidade: O sigilo profissional é fundamental. O psicanalista deve garantir que todas as informações compartilhadas pelo paciente sejam mantidas em estrita confidencialidade.

2.                 Capacitação Profissional: É importante que o psicanalista esteja adequadamente formado e constantemente atualizado. Participar de supervisões e formações contínuas é parte essencial do exercício da psicanálise.

3.                 Respeito à Singularidade do Paciente: Cada paciente é único e deve ser tratado como tal. O psicanalista deve abordar cada caso de forma individualizada, respeitando a subjetividade e as especificidades de cada um.

4.                 Estabelecimento de Contrato Terapêutico: Deve haver clareza sobre as condições do tratamento, incluindo frequência das sessões, honorários e objetivos terapêuticos. Este contrato pode ser formal ou tácito, mas deve ser respeitado por ambas as partes.

5.                 Autocuidado: Psicanalistas devem estar atentos à sua própria saúde mental e emocional. Participar de sua própria análise ou supervisão pode ser benéfico para assegurar um exercício profissional ético e eficaz.

Para uma leitura mais aprofundada, você pode consultar o Código de Ética Profissional do Psicanalista, que oferece diretrizes claras e abrangentes sobre a prática da psicanálise.

A psicanálise tem encontrado um espaço cada vez mais significativo no Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil. Desde a criação do SUS em 1988, os serviços ambulatoriais foram fortalecidos e a presença de psicanalistas nessas equipes interdisciplinares tem se tornado mais comum

Apesar desses desafios, a psicanálise é considerada uma prática plenamente viável e eficaz nos ambulatórios públicos brasileiros. A interdisciplinaridade e o diálogo entre diferentes saberes são essenciais para criar novas formas de intervenção que respeitem a especificidade da psicanálise

Os  interessado em saber mais sobre como a psicanálise é inserida no SUS e os desafios enfrentados, recomendo a leitura do artigo A clínica Psicanalítica na Saúde Pública: desafios e possibilidades", e o “estudo que investigou as modalidades de inserção e intervenção da Psicanálise no contexto da Saúde Pública, no campo da saúde mental. Foram entrevistados 10 psicanalistas com atuação mínima de dois anos na saúde pública. As entrevistas, após transcritas, foram exploradas por meio da Análise de Conteúdo de Bardin (1979). Constatou[1]se que a Psicanálise tem muito a oferecer na esfera da saúde pública, uma vez que os espaços coletivos mostram-se um terreno clínico cujas demandas aludem à necessária escuta do sujeito de Inconsciente. Da mesma forma, identificaram-se desafios relativos ao encontro com outros saberes da Saúde Pública. Desse encontro, emergem entraves, mas, também, a possibilidade de criar, por meio do diálogo e do exercício da interdisciplinaridade, novas formas de intervenção sem perder o rigor e a especificidade da Psicanálise(PSICANÁLISE E SAÚDE PÚBLICA: CONSTRUINDO POSSIBILIDADES Fernanda Cesa Ferreira da Silva; Róger de Souza Michels; Mônica Medeiros Kother Macedo)

Definição e Distinção entre Ciúme Normal e Patológico.

O ciúme é uma emoção que permeia as relações humanas, manifestando-se em diferentes intensidades e contextos. Para compreendê-lo de maneira mais profunda, é essencial distinguir entre o ciúme normal e o patológico. O ciúme normal, por sua natureza, pode ser visto como uma resposta emocional saudável a situações que ameaçam a segurança de um vínculo afetivo. Ele surge como um alerta, sinalizando inseguranças que, se abordadas, podem fortalecer a relação. Por exemplo, ao perceber que seu parceiro está se aproximando de alguém que pode ser considerado uma ameaça, um leve ciúme pode motivar uma conversa franca sobre sentimentos e expectativas, promovendo a intimidade.

Em contrapartida, o ciúme patológico se caracteriza por uma intensidade desproporcional e reações que prejudicam não apenas o indivíduo, mas também a dinâmica do relacionamento. Essa forma extrema de ciúme pode levar a comportamentos controladores e possessivos, como a vigilância constante das interações do parceiro, desconfiança excessiva e até agressões verbais ou físicas. Um exemplo cotidiano pode ser encontrado em situações onde um parceiro, tomado por ciúmes, começa a monitorar constantemente o celular do outro, alimentando um ciclo de desconfiança que pode resultar em um distanciamento emocional profundo.

As raízes do ciúme patológico muitas vezes estão ligadas a experiências passadas, traumas e inseguranças que se manifestam em padrões de comportamento disfuncionais. Indivíduos  que  vivenciaram  abandonos  ou  traições  em relacionamentos anteriores podem desenvolver uma predisposição ao ciúme excessivo, que se transforma em uma lente distorcida pela qual percebem suas relações atuais. Essa distorção pode levar a interpretações errôneas de situações cotidianas, onde gestos neutros ou amigáveis são vistos como ameaças, desencadeando reações desproporcionais.

É importante ressaltar que o ciúme, em sua forma normal, pode servir como um catalisador para o crescimento emocional e a melhoria das relações. Quando abordado de maneira saudável, ele pode abrir espaço para diálogos sinceros e a construção de uma base mais sólida entre os parceiros. No entanto, quando esse sentimento se torna patológico, a relação pode se transformar em um campo de batalha emocional, onde a confiança é corroída e a intimidade é substituída por desconfiança.

Assim, ao explorarmos as nuances do ciúme, é crucial que tanto os indivíduos quanto os profissionais da saúde mental estejam atentos às diferenças entre essas duas manifestações. O reconhecimento de um ciúme normal pode ser um primeiro passo para a construção de uma comunicação mais aberta e honesta, enquanto a identificação de um ciúme patológico é fundamental para buscar intervenções adequadas que promovam a cura e a restauração da confiança nas relações. Essa compreensão não apenas enriquece a dinâmica emocional entre os parceiros, mas também oferece um caminho para o autoconhecimento e a transformação pessoal.

O ciúme, quando se entrelaça com transtornos psicológicos, pode gerar um ciclo vicioso que amplifica a intensidade dessa emoção. Ao explorarmos os transtornos relacionados ao ciúme, é fundamental destacar como condições como o Transtorno de Personalidade Borderline e o Transtorno de Ansiedade podem exacerbar essa experiência emocional, levando a reações ainda mais intensas e desproporcionais.

O Transtorno de Personalidade Borderline, por exemplo, é caracterizado por uma instabilidade emocional significativa, relacionamentos interpessoais intensos e uma autoimagem distorcida. Indivíduos com esse transtorno frequentemente experimentam um medo profundo de abandono e, como resultado, podem desenvolver ciúmes extremos em relacionamentos. A percepção distorcida da realidade, combinada com a hipersensibilidade emocional, faz com que pequenas situações sejam interpretadas como ameaças à segurança do vínculo afetivo. Um parceiro que, por exemplo, passa mais tempo em um evento social pode ser visto como uma traição iminente, desencadeando reações que vão desde a raiva intensa até tentativas de controle que podem afastar ainda mais o outro.

Além disso, o Transtorno de Ansiedade pode contribuir para a amplificação do ciúme. Indivíduos que sofrem de ansiedade frequentemente se veem presos em um ciclo de pensamentos negativos e catastróficos, o que pode levar à interpretação distorcida das ações do parceiro. A constante preocupação com a possibilidade de traição ou desinteresse pode gerar um estado de alerta permanente, onde até mesmo interações sociais neutras são vistas como ameaças. Essa dinâmica não só afeta a saúde mental do indivíduo, mas também prejudica a relação, criando um ambiente de desconfiança e insegurança.

A intersecção entre esses transtornos e o ciúme revela a complexidade das emoções humanas. A psicanálise desempenha um papel crucial nesse contexto, permitindo que os indivíduos explorem as raízes de suas inseguranças e compreendam melhor suas reações. Através de um processo terapêutico, é possível identificar padrões de comportamento disfuncionais e trabalhar para reverter essa dinâmica, promovendo um entendimento mais profundo de si mesmo e dos outros.

Ao abordar o ciúme sob a luz dos transtornos psicológicos, é essencial que tanto os profissionais da saúde mental quanto os indivíduos afetados reconheçam a importância de intervenções adequadas. A terapia pode oferecer ferramentas valiosas para lidar com a intensidade do ciúme, ajudando os indivíduos a desenvolver um senso de segurança interna e a construir relacionamentos mais saudáveis. Essa jornada de autoconhecimento não apenas ilumina os caminhos do ciúme, mas também abre portas para a cura e a transformação emocional, permitindo que os indivíduos se libertem das amarras de suas inseguranças e construam vínculos mais sólidos e autênticos.

O impacto do ciúme patológico nas relações é um tema que merece uma análise cuidadosa, pois suas consequências podem ser devastadoras e duradouras. Quando o ciúme ultrapassa os limites do que é considerado normal, ele se torna um veneno que corrói a confiança e a intimidade entre os parceiros. As dinâmicas afetivas se transformam em um campo de batalha, onde desconfiança e controle se tornam os protagonistas, ofuscando o amor e a conexão genuína.

Um dos efeitos mais evidentes do ciúme patológico é a erosão da confiança. A confiança é a base de qualquer relacionamento saudável, e quando essa base é abalada, os efeitos podem ser profundos e prejudiciais. Por exemplo, um parceiro que constantemente questiona a fidelidade do outro pode criar um ambiente de tensão e desconforto. Esse comportamento não apenas afasta o parceiro, mas também gera um ciclo de desconfiança que pode ser difícil de romper. O ciúme, nesse contexto, se transforma em uma lente distorcida através da qual o indivíduo vê o mundo, levando a interpretações errôneas de ações que, em circunstâncias normais, seriam inofensivas.

Além disso, o ciúme patológico pode levar a comportamentos controladores que, embora possam parecer uma tentativa de proteger o relacionamento, frequentemente têm o efeito oposto. Um exemplo disso é quando um parceiro tenta monitorar as atividades do outro, exigindo que compartilhe senhas de redes sociais ou que informe sobre cada interação social. Essa vigilância não só é invasiva, mas também pode gerar ressentimento e revolta. O parceiro que se sente controlado pode começar a se afastar, o que alimenta ainda mais os sentimentos de ciúme e insegurança.

As consequências do ciúme patológico não se limitam apenas ao relacionamento amoroso. Essa emoção tóxica pode se espalhar para outras esferas da vida, afetando amizades e relações familiares. Em um contexto familiar, por exemplo, um irmão que sente ciúmes do sucesso do outro pode desenvolver um comportamento hostil, prejudicando a harmonia familiar. Nas amizades, o ciúme pode fazer com que um amigo se sinta ameaçado pela nova amizade de outro, levando a um afastamento que pode ser irreversível.

A comunicação aberta é uma ferramenta vital para mitigar os efeitos negativos do ciúme. Quando os parceiros se sentem seguros para expressar suas inseguranças e preocupações, é possível construir um espaço de diálogo onde o ciúme pode ser discutido de maneira saudável. Essa comunicação não deve ser apenas sobre o que está causando o ciúme, mas também sobre as necessidades emocionais de cada um. Por exemplo, um parceiro pode compartilhar que se sente inseguro quando o outro está em um ambiente social, enquanto o outro pode explicar que essas interações são importantes para sua vida social. Ao abordar essas questões, os casais podem trabalhar juntos para fortalecer a confiança e a conexão emocional.

A terapia também desempenha um papel crucial na abordagem do ciúme patológico. Profissionais capacitados podem ajudar os indivíduos a explorar as raízes de suas inseguranças, promovendo um entendimento mais profundo das dinâmicas emocionais que alimentam o ciúme. Através de intervenções terapêuticas, é possível identificar padrões de comportamento disfuncionais e aprender a comunicá-los de maneira mais eficaz. A psicanálise, em particular, oferece um espaço seguro para que os indivíduos possam refletir sobre suas emoções, permitindo que compreendam melhor suas reações e desenvolvam estratégias para lidar com o ciúme de forma construtiva.

Em suma, o ciúme patológico não é apenas uma emoção isolada; ele é um fenômeno complexo que pode afetar profundamente as relações interpessoais. Ao reconhecer suas consequências e buscar intervenções adequadas, é possível transformar essa emoção em uma oportunidade de crescimento e autoconhecimento. A jornada de enfrentamento do ciúme exige coragem e compromisso, mas pode resultar em relações mais saudáveis e significativas, onde a confiança e a intimidade são cultivadas e celebradas.

A necessidade de intervenções e tratamento é um aspecto crucial na abordagem do ciúme patológico, pois essa emoção, quando não gerida adequadamente, pode causar danos profundos às relações e ao bem-estar emocional dos indivíduos. Ao reconhecer que o ciúme pode se transformar em um comportamento  destrutivo,  é  essencial  que  tanto os afetados quanto os profissionais da saúde mental busquem caminhos para a cura e a compreensão.

Intervenções terapêuticas, especialmente aquelas que se baseiam na psicanálise, oferecem um espaço seguro e acolhedor para que os indivíduos possam explorar suas inseguranças e medos. A terapia psicanalítica permite que os pacientes mergulhem em suas experiências passadas, identificando as raízes de suas emoções. Esse processo de autoconhecimento é fundamental para que possam entender como suas vivências moldaram suas reações atuais. Por exemplo, uma pessoa que sente ciúmes extremos pode descobrir, através da terapia, que essas emoções estão ligadas a experiências de abandono na infância, o que pode ajudá-la a reavaliar suas percepções sobre relacionamentos.

A construção de um ambiente terapêutico seguro é vital. O terapeuta deve atuar como um facilitador, promovendo um espaço onde o paciente se sinta à vontade para expressar suas emoções sem medo de julgamento. A confiança na relação terapêutica é um pilar essencial, pois permite que o paciente se abra sobre suas vulnerabilidades. Essa relação de confiança pode ser um catalisador para mudanças significativas na forma como o indivíduo lida com o ciúme.

Além disso, a rede de apoio que envolve amigos e familiares também desempenha um papel importante na jornada de superação do ciúme. O suporte emocional de pessoas próximas pode oferecer uma perspectiva externa e ajudar o indivíduo a se sentir menos isolado em suas experiências. Conversas abertas com amigos ou familiares sobre inseguranças podem desmistificar o ciúme e proporcionar um espaço para que esses sentimentos sejam discutidos de maneira saudável. Por exemplo, um amigo que ouve atentamente as preocupações de alguém pode ajudar a validar           seus     sentimentos,    ao        mesmo tempo  em       que oferece conselhos construtivos sobre como lidar com a situação.

A terapia em grupo também pode ser uma abordagem eficaz, permitindo que os indivíduos compartilhem experiências semelhantes e aprendam uns com os outros. Esse tipo de interação pode reduzir a sensação de solidão e encorajar a empatia, à medida que os participantes reconhecem que não estão sozinhos em suas lutas emocionais. O compartilhamento de histórias e estratégias de enfrentamento pode ser uma fonte valiosa de aprendizado e apoio.

À medida que os indivíduos trabalham para entender e gerenciar seu ciúme, é crucial que eles desenvolvam habilidades de comunicação eficazes. Aprender a expressar inseguranças de maneira clara e respeitosa pode fortalecer os relacionamentos e promover um diálogo aberto. Por exemplo, em vez de acusar o parceiro de traição, um indivíduo pode expressar seu desconforto e insegurança, convidando o parceiro a participar de uma conversa construtiva sobre suas necessidades emocionais.

Em suma, a necessidade de intervenções e tratamento para o ciúme patológico é inegável. A terapia psicanalítica, o suporte de amigos e familiares, e o desenvolvimento de habilidades de comunicação são elementos essenciais nessa jornada de autoconhecimento e cura. Ao abordar o ciúme de maneira holística, é possível transformar essa emoção complexa em uma oportunidade de crescimento pessoal e fortalecimento das relações interpessoais. Essa jornada não apenas promove a compreensão do eu, mas também abre portas para relacionamentos mais saudáveis e significativos, onde a confiança e a intimidade podem florescer.

Observações vinculativas.

O ciúme é, de fato, uma emoção muito presente nas relações humanas e pode surgir em diversos contextos, como em relacionamentos amorosos, amizades e até mesmo em ambientes de trabalho. É uma emoção natural e, em níveis moderados, pode ser vista como um sinal de apego e cuidado.  No entanto, quando o ciúme se torna excessivo ou patológico, pode trazer muitos problemas e danos tanto para quem sente como para o relacionamento envolvido. Nesse sentido, a terapia pode ser uma ferramenta extremamente valiosa para entender as raízes desse sentimento e aprender a lidar com ele de maneira saudável.

Durante a terapia, muitas pessoas conseguem identificar que os ciúmes extremos podem ter raízes em experiências traumáticas ou sentimentos de abandono na infância. Essas experiências podem gerar inseguranças profundas que se manifestam em relacionamentos adultos como medo de perder o parceiro ou a necessidade de controlar suas ações.

A terapia pode ajudar da seguinte forma:

1.                 Reconhecimento e Compreensão: Ajuda o indivíduo a reconhecer e compreender a origem de seus sentimentos de ciúme.

2.                 Desenvolvimento de Estratégias de Enfrentamento: O terapeuta trabalha com o paciente para desenvolver estratégias saudáveis de enfrentamento e lidar com esses sentimentos de maneira mais equilibrada.

3.                 Fortalecimento da Autoestima: Aborda questões de autoestima e autoconfiança, ajudando o paciente a se sentir mais seguro em suas relações.

4.                 Melhoria da Comunicação: Ajuda a melhorar a comunicação no relacionamento, promovendo mais abertura e confiança entre os parceiros.

Terapeutas e psicólogos são treinados para ajudar as pessoas a desvendar essas camadas emocionais e encontrar maneiras de viver relações mais saudáveis e felizes. Se você está passando por isso ou conhece alguém que está, buscar ajuda profissional pode ser um passo importante.

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